Politica e cultura no pensamento emancipatório africano
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A atual ausência de uma visão emancipatória para a África está no centro dos nossos problemas políticos relacionados à opressão racial capitalista e colonial. Qualquer tentativa de repensar a emancipação política no continente africano deve ser capaz de localizar uma concepção universal de liberdade no interior das experiências culturais singulares que as pessoas vivem. Quando esteve baseada nas tradições populares, a política emancipatória exibiu tais traços dialéticos, independentemente da maneira específica na qual cada luta pela liberdade foi pensada em diferentes contextos históricos. No entanto, apenas alguns intelectuais militantes compreenderam a importância dessa dialética no pensamento. O presente volume esboça e discute dois pontos de vista particularmente importantes sobre o papel e a relevância da cultura popular na política emancipatória em África. Cada um deles resulta de formas distintas de exploração capitalista e colonialista: o primeiro viu a luz do dia em um contexto colonial, enquanto o segundo é diretamente confrontado pelo estado neocolonial. Todas as políticas emancipatórias são desenvolvidas em confronto com o poder estatal, e todas começam com um processo de discussão e debate através do qual um sujeito coletivo começa a se formar. No continente africano, a construção de tal sujeito político coletivo tem sido informada, de maneira fundamental, pelas culturaspopulares. Os dois autores cujos ensaios estão aqui incluídos entenderam isso e colocaram a cultura popular no centro de suas políticas. O primeiro, Amílcar Cabral, aborda o papel central da cultura popular na luta pela independência da Guiné-Bissau nos anos 1970, o segundo, Ernest Wamba-dia-Wamba, aborda a centralidade da cultura popular africana para uma política emancipatória endereçada à atual República Democrática do Congo. Apesar das décadas que os separam, tanto Cabral como Wamba-dia-Wamba desenvolvem, no centro de sua política, uma dialética que ativa os universais da cultura no presente. É essa característica que confere às suas visões uma importância central para o pensamento emancipatório contemporâneo.
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